Prefeitura Municipal de Bom Despacho

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Ex-Prefeito Francisco de Araújo Lopes Cançado

Ex-Prefeito Francisco de Araújo Lopes Cançado

Francisco de Araújo Lopes Cançado

(01 de Fevereiro de 1955 a 31 de Janeiro de 1959)

Nascimento: 05 de Outubro 1915

Filiação: Flávio Xavier Lopes Cançado Filho; Rita de Araújo Cançado

Cônjuge (s): Maria de Lourdes Melo Cançado

Filhos: Flávio Roberto de Melo; Francisco de Araújo Lopes Cançado Filho; Geraldo de Queiroz Cançado Sobrinho; Maria de Lourdes Queiroz Cançado; Eduardo de Queiroz cançado,; Jânio de Queiroz Cançado.

Ocupação Principal: Médico e político

Falecimento: 01 de Janeiro de 2000

Filho do ex-prefeito de Bom Despacho, Flávio Cançado Filho, o Favuca, e Rita de Araújo Cançado, Francisco de Araújo Lopes Cançado nasceu em 05 de outubro de 1915 na cidade de Bom Despacho, onde cresceu e estudou o primário. Durante sua infância, Francisco aproveitou a vida na roça, cavalgando e pescando na fazenda de seu pai.

Para dar continuidade aos estudos, mudou-se para Belo Horizonte para ingressar no colégio Arnaldo. Iniciou a faculdade de Medicina e casou-se antes mesmo de concluir sua graduação, em janeiro de 1941, com Maria de Lourdes Melo Cançado, sua prima e esposa, que tiveram 6 filhos, Flávio Roberto de Melo; Francisco de Araújo Lopes Cançado Filho; Geraldo de Queiroz Cançado Sobrinho; Maria de Lourdes Queiroz Cançado; Eduardo de Queiroz cançado; Jânio de Queiroz Cançado. Em dezembro do mesmo ano, Francisco terminou seu curso na Universidade de Minas Gerais, a UFMG. Em seguida, dirigiu-se a São Paulo, onde permaneceu por oito meses e especializou-se em cardiologia.

Durante sua graduação teve contato com Juscelino Kubitschek e seu interesse pela política intensificou-se. Como seu pai foi prefeito por mais de 15 anos, Francisco já tinha grande contato com tais questões. Contudo, a influência de JK foi imprescindível. Após formado, retornou a Bom Despacho e, através de uma prova, ingressou no Batalhão da cidade como primeiro-tenente médico, em 1944. Na cidade, recebia em sua casa seu antigo colega de estudos, Juscelino, agora governador do estado. Segundo depoimento de Flávio Roberto de Melo Cançado, os dois conversavam sobre política enquanto bebiam cerveja. Francisco ainda tinha amizade com outras figuras proeminentes da época, como o deputado Tancredo Neves, José Ribeiro Pena, Renato Azeredo, entre outros.

Francisco sempre foi interessado na política era bastante envolvido. Era membro do Partido Social Democrático (PSD) em tempos em que a rivalidade entre partidos era forte a ponto do namoro entre membros das diferentes agremiações – PSD e UDN – ser proibido. Os políticos do PSD chamavam a UDN de “Urubu Devoradores da Nação”, era uma época marcada por fervor e paixões partidárias. Em 1946 Francisco lançou sua candidatura a prefeito. Seu rival era Dr. Hugo, membro e fundador da UDN em Bom Despacho. Segundo relato do próprio Francisco, durante a campanha, um carro com alto-falante tocava a música Cisne Branco e era empurrado da fábrica de tecidos até a Cruz do Monte, fazendo propaganda eleitoral de sua chapa. Em seus discursos, evocava o homem do campo, humilde e trabalhador. Fato que entusiasmou parte do eleitorado. Contudo, desta vez o médico foi derrotado. Francisco lançou candidatura novamente em 1954, disputando com o advogado Nicolau Teixeira Leite. Venceu as eleições que, por outro lado, foram denunciadas por irregularidades. Contudo, o poder judiciário acatou a eleição e as hipóteses de desvio foram descartadas. Iniciou sua administração no ano de 1955.

Entre seus adversários e correligionários, ficou conhecido como “Chico Promessa”. O jargão veio de um acaso. Dizem que nos tempos de campanha, Dr. Francisco prometeu colocar água no córrego de Extrema, povoado que, em tempos de seca, sofria com a falta de água. Ao ganhar a eleição, caiu um temporal que, segundo a lenda, encheu o “corguinho” a ponto de virar um ribeirão e Francisco exclamou: “Não disse que a fé remove montanhas? Aconteceu o impossível. Vencemos a eleição no Engenho do Ribeiro e a Extrema já tem água com fartura”.

Durante seu mandato, Francisco furou um poço artesiano na cidade para tentar sanar os problemas de água. Na época não tinha calçamento, apenas cascalho. Era preocupado com as ruas e a urbanização da cidade. Por causa da rivalidade, foi orientado a despedir um oponente durante a campanha, Zé Cardoso. Não obstante, Francisco negou, pois não era favorável à perseguições políticas. Por retaliação, alguns de seus partidários, vereadores da Câmara não aprovaram as contas da Prefeitura, mas o Tribunal de Contas confirmou que tudo estava certo. Segundo relatado por seu filho, Flávio Roberto de Melo Cançado, seu pai afirmava também ter plantado as palmeiras da famosa Avenida das Palmeiras.

Apesar de seu grande envolvimento com a política, Dr. Francisco dizia não ter tido muito gosto pelo exercício do cargo de prefeito, pois a batalha com a escassez financeira limitava a possibilidade de fazer uma boa administração. Ao término de seu mandato, Dr. Francisco foi promovido de capitão a major e transferiu-se para Belo Horizonte, onde trabalhou no Hospital Militar a partir de 1958, como médico-cardiologista. Na capital, permaneceu até 1970 quando regressou para Bom Despacho. Dedicou o resto de sua vida à sua família, seu consultório médico e sua fazenda. Faleceu com 84 anos, em 01 de Janeiro de 2000.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Depoimento do filho: Flávio Roberto de Melo Cançado. Março de 2019. (Concedida a secretaria de cultura).

RESENDE, Fernando Humberto de. Bom Despacho 300 anos: homens que a construíram. Tomo III: da Segunda Guerra Mundial (1940) à inauguração da BR-262 (1969). São Paulo: Scortecci, 2018.