A professora Crislene Aparecida Santos trabalhou com seus alunos na Escola Virgílio Antônio da Silva no povoado Mato Seco de Bom Despacho e sua aluna Patrícia Michelle Silva está concorrendo à etapa nacional com sua crônica: As varredeiras. Professora e aluna embarcam para Curitiba, no dia três de novembro, para participarem de encontros para aperfeiçoamento dos textos semifinalistas e concorrerem na etapa final juntamente com alunos de todo Brasil. Leia a seguir a crônica e obtenha outras informações sobre a Olimpíada.
No início de 2010, a rede municipal de ensino de Bom Despacho fez a adesão na Olimpíada da língua portuguesa Escrevendo o Futuro, coordenada pelo Cenpec – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, promovida pelo Ministério da Educação em parceria com a Fundação Itaú Social.
Os professores inscritos desenvolveram um trabalho com seus alunos para produzirem um texto sobre o tema “O lugar onde vivo”. Participaram alunos do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio criando poemas, memórias literárias, crônicas e artigos de opinião.
Na primeira etapa da Olimpíada foi escolhido um texto de cada categoria, em cada escola. Na segunda etapa uma comissão municipal selecionou um texto de cada categoria e dois poemas. Na terceira etapa, estadual, foram selecionados 125 textos de cada categoria que participarão da quarta etapa já concorrendo a quinta etapa que é a nacional.
Aluno e professor serão premiados. Os 500 escolhidos na fase estadual receberão medalhas e livros; os 152 finalistas, medalhas e aparelhos de som. Os 20 vencedores da etapa nacional ganharão medalhas, microcomputadores e impressoras.
Esta é a segunda edição da olimpíada, que ocorre a cada dois anos. A primeira, realizada em 2008, alcançou seis milhões de alunos. O concurso teve origem no programa Escrevendo o Futuro, desenvolvido pela Fundação Itaú Social entre 2002 e 2006. Atualmente, é realizado em parceria do Ministério da Educação com a Fundação Itaú Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Categoria: Crônica
Escola Municipal Virgílio Antônio da Silva
Professora: Crislene Aparecida Santos
Aluna: Patrícia Michelle Silva – 9º Ano
AS VARREDEIRAS
Segunda-feira, acordei bem cedinho, vesti meu uniforme, tomei meu café, escovei os dentes e saí a caminho da escola.
Caminhei um pouco e olhei o relógio, estava ainda muito cedo. Ainda um pouco sonolenta, sentei-me na calçada e um fato chamou-me a atenção – as varredeiras de rua.
As “Marias” usavam uns trajes diferentes, acredito eu, que era para se proteger do sol ou até mesmo da poeira, pois aqui, caro leitor, no povoado onde moro, a poeira é grande demais. Acho até que o povoado foi nomeado de Mato Seco por causa disso!?
As varredeiras parecem formiguinhas sem rumo, varrem para um lado, para o outro, derramando seu suor só para deixar as ruas bem limpas. Penso que começam o seu trabalho bem cedo, pois agora são sete horas e elas já estão suadas.
De repente ouço um ruído, era uma senhora xingando as pobres “Marias”. A senhora xingava, porque a poeira estava adentrando a sua casa e empoeirando os seus móveis. Mas que culpa tem as varredeiras disso? Elas estavam apenas fazendo o seu trabalho. Um trabalho simples, no entanto, digno como qualquer outro.
As varredeiras ouviram os xingos caladas, pois elas sabiam que não podiam impedir o soprar do vento.
Fiquei ali espreitando as “Marias” ainda por algum tempo, pensando na importância de cada uma delas na comunidade onde vivo. Por alguns instantes elas paravam para tomar um pouco de água ou para contar um caso para as suas companheiras de trabalho. Todas tinham sempre um sorriso no rosto, acredito que elas adoravam estar ali.
Olhei novamente o relógio, não faltava muito tempo para a aula começar. A sonolência já havia passado. Levantei-me da calçada e fui em direção da escola com um sorriso no rosto, lembrando-me daquele cenário simples, mas que compõe a minha vida.