Publicado em 9 de setembro de 2010.
Confira aqui os textos selecionados na segunda etapa municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa “Escrevendo o Futuro”.
Participam da competição alunos de todas as escolas do município em quatro categorias de acordo com ano em que cursa.
Categoria: Poesia
Obs.: foram selecionados 2 textos.
Escola Municipal João Dornas Filho
Professora: Fabiana Dalila Tavares de Castro
Aluno: Luana Aparecida de Oliveira – 5º ano
Título – UM CANTINHO DO CÉU
Colégio Tiradentes da PMMG
Professora: Marina José da Silva
Patrick Chistian de Melo – 6º ano
Título – RANCHO CHICO DO LUAR
Categoria: Crônica
Escola Municipal Virgílio Antônio da Silva
Professora: Crislene Aparecida Santos
Aluna: Patrícia Michelle Silva – 9º
Título – AS VARREDEIRAS
Categoria: Artigo de Opinião
Escola Estadual Chiquinha Soares
Professora: Regina Maria Garbazza oliveira
Aluna: Priscila Alves de Oliveira – 2º ano do Ensino Médio
Título – ACESSIBILIDADE
Categoria: Memórias literárias
Escola Estadual Miguel Gontijo
Professora: Silvânia Célia da Costa Rodrigues Braga
Aluna: Yasmim Cássia Gontijo – 8º ano
Título – VESTIDINHO MEU
Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que apareceu, lá na roça, a passear, uma menina de minha idade, nove anos, morena, de cabelos pretos, longos e encaracolados, com um vestido vermelho, lindo, todo bordado, que parecia ter sido feito de flores silvestres. Fiquei encantada com o vestido! Queria tanto um igualzinho! Mas, como? Se eu pedisse a papai, até saberia a resposta: “Onde já se viu, menina-moça da roça de Bom Despacho, do Centro-oeste mineiro, ficar andando igual à madame?! O que vão falar? Que temos dinheiro e moramos na roça só para mostrar?” Mas, se eu não pedisse, nunca saberia a resposta. Fui dormir pensando no vestido.
Na manhã seguinte, tomei coragem e fui falar, não com papai, mas com mamãe. Ela me disse que compraria o pano e faria o vestido. Eu quase explodi de tanta felicidade! Ao chegar à venda, com mamãe, para comprar o pano, escolhi o mais lindo que encontrei. Fui para casa feliz da vida, pois mamãe prometeu-me que, naquele mesmo dia, começaria a fazer o meu vestidinho.
Quando ele ficou pronto, mamãe chamou-me para entregá-lo, na pequenina sala. Era lindo, igual ao da menina: vermelho, rodado, cheio de babadinhos! E as flores, bordadas com carinho, eram lindas como as reais. Não esperei mamãe dizer nada, e já fui colocando o vestidinho que ficou maravilhoso em meu pequeno corpo, do jeitinho que eu imaginara.
Mas, como meu pai sempre dizia, a alegria dura pouco. No domingo, mamãe avisou que mais tarde iríamos passear. Ansiosa para mostrar meu vestidinho, corri e fui vesti-lo. Já estava prontinha, mas lembrei-me de que mamãe havia me mandado moer canjiquinha para as galinhas. Ela não me deixava fugir dos afazeres. Fui moer os grãos. Enquanto isso, ouvia os gritos e as gargalhadas dos meus irmãos que se arrumavam para sair. E , quanto mais moia, mais havia grãos para moer. Pareciam render. Foi quando me ocorreu uma ideia: coloquei alguns grãos na saia do vestido, fiz deles uma trouxinha, abaixei-me e comecei a socá-los com uma pedra. Logo na terceira batida, o vestido ganhou um buraco, e os grãos de milho não viraram canjiquinha.
Quando viu o estrago no vestido, mamãe me desceu uma tunda de taca. Eu chorei muito, não tanto pela dor, mas de arrependimento e tristeza de haver destruído o vestido dos meus sonhos.
Hoje, ao contar essa história para meus netos, um deles até me perguntou se o vestido estava morto e enterrado. Eu simplesmente disse que sim. Na verdade, está morto mesmo, mas nunca enterrado na minha memória.