Flávio Xavier Lopes Cançado Filho

(1930-1945)

Nascimento: Maio de 1898

Filiação: Flávio Xavier Lopes Cançado e Cornélia Umberlinda de Queiroz

Cônjuge: Rita de Araújo Cançado

Filhos: Francisco Araújo Lopes Cançado; Maria José de Araújo Cançado; Antônio de Araújo Cançado; Geraldo de Araújo Cançado; Flávio Roberto Araújo Cançado; Teresinha do Menino Jesus Araújo Cançado; Rita de Araújo Cançado; Aparecida de Araújo Cançado; Rafael de Araújo Cançado; José de Araújo Cançado.

Ocupação principal: Farmacêutico, fazendeiro e político

Falecimento: 1954

Flávio Cançado, ou Favuca, como era conhecido, nasceu em Maio de 1898 em Onça do Pitangui. Era filho do médico Flávio Xavier Lopes Cançado e de Cornélia Umberlinda de Queiroz. Diplomou-se em farmácia, na Escola de Minas de Ouro Preto, atual UFOP. Casou-se com sua prima, Rita de Araújo Cançado, formada no curso Normal, com quem teve dez filhos.

Flávio Cançado viveu em Bom Despacho num período em que a cidade era bastante carente. Não havia água encanada nem distribuição de energia elétrica para todos. Como farmacêutico, Favuca era quase um médico na cidade. Naquele tempo não existia a grande indústria de medicamentos, desta forma, manipulava remédios para a população que não possuía atendimento adequado. Era muito competente em sua área. Proprietário de uma farmácia chamada Galeno, localizada na Praça da Matriz, dedicava-se a sua ocupação com os trabalhos de sua fazenda. Favuca era um intelectual, fluente em vários idiomas, homem culto e entusiasta dos estudos.

Por ser uma figura de destaque na sociedade, possuía grande influência na região. Foi convocado por Olegário Maciel no início da década de 1930, para participar da campanha de governador. Com isso, acabou entrando para a política. No período histórico compreendido entre 1930 e 1945, com Getúlio Vargas no poder, os presidentes das Câmaras Municipais, cargo correlato ao de prefeito, eram escolhidos pelos governadores. Desta forma, ao vencer as eleições para governador, Olegário Maciel nomeou Flávio Cançado Filho para presidente da Câmara de Bom Despacho. Posto que ocupou por 16 anos, até findar a ditadura Vargas.

Segundo relato de seu filho Francisco, sua administração foi bastante criticada. Contudo, naquele período a Prefeitura não possuía dinheiro em caixa e tinha que mendigar ao governo estadual todo o tempo. Durante a ditadura, apesar de instigado, Favuca nunca perseguiu um adversário. Francisco contou que com o golpe de Vargas em 1930, quiseram prender Faustino Teixeira, seu opositor. No entanto Flávio Cançado negou, afirmando que “Faustininho” era homem de bem e seu colega de profissão, pois também era farmacêutico.

De agosto de 1936 a novembro de 1937, o Dr. Miguel Marques Gontijo assumiu a presidência da Câmara por motivo de afastamento de Flávio. Este retornou em novembro de 1937 e permaneceu no cargo ate 1945, ao término do governo Vargas. Neste período, na ditadura do Estado Novo, Favuca enfrentou dura oposição na Câmara dos Vereadores. Alguns membros tentavam boicotar a aprovação do orçamento anual, faltavam a votação para inviabilizar o quórum. A não aprovação poderia resultar na destituição de Flávio. Todavia, Getúlio Vargas destituiu todas as câmaras do país e, por isso, sua administração pode continuar. Nicolau Teixeira Leite, famoso empresário local, foi um dos grandes adversários de Favuca na época.

Com a renúncia de Vargas, Flávio Cançado Filho foi substituído. O Dr. Erotides Diniz, juiz de Direito da Comarca, assumiu a presidência da Câmara e a cidade viveu alguns anos de instabilidade política, tendo seis prefeitos de 1945 a 1947. Poucos anos depois, em 1954. Favuca faleceu aos 56 anos, devido a embolia pulmonar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Depoimento do filho: Flávio Roberto de Melo Cançado.

OLIVEIRA, Itamar de. Bom Despacho que Te Quero Bom Fragmentos de um painel político. 1946-1986. Ed. O Lutador. 1987.

RESENDE, Fernando Humberto de. Bom Despacho 300 anos: homens que a construíram. Tomo II: De 1912 a 1940 – Grupo Escolar Bom Despacho – Festa de Nossa Senhora do Rosário- Reinado. São Paulo: Scortecci, 2018.