Prefeitura Municipal de Bom Despacho

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IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário é famosa por sediar a Festa do Reinado todos os anos em Bom Despacho. Sua história, porém, é bastante antiga. Bom Despacho possuía uma Igreja de mesmo nome no centro da cidade, mas foi demolida com as mudanças urbanas. A igreja atual, por sua vez, foi construída pela iniciativa privada, e é fruto da devoção e fé da senhora Alice Cardoso e dos variados fiéis de Nossa Senhora do Rosário.

HISTÓRIA

Nos anos de ocupação da região de Bom Despacho, no final do século XVII, os negros trouxeram consigo a devoção a Nossa Senhora do Rosário. Posteriormente, em sua homenagem, foi erguida uma igreja localizada onde hoje é a Praça da Inconfidência. Nessa era celebrada a Santa Missa e, no entorno, a Festa do Reinado na qual fiéis manifestavam sua religiosidade por meio de danças de origem africana em honra a Nossa Senhora.

Com o desenvolvimento da cidade, a igreja acabou sendo demolida, uma vez que se tornou um empecilho, pois com a urbanização, passou a ficar no meio da rua, ocupando espaço e atrapalhando o trânsito. Mesmo com a ausência do templo, a praça, agora denominada de “Jardim sem Flor”, continuou a sediar a Festa do Reinado até a construção de uma nova igreja.

Por volta da década de 1940, as missas, que antes eram celebradas na igreja localizada na atual Praça da Inconfidência, passaram a ser ministradas nas dependências da Fábrica de Tecidos (CIAB), de propriedade da família de Fúlvio de Queiroz Cardoso, empresário famoso da cidade. Anos depois, passaram a celebrar em um galpão, na Avenida das Palmeiras ao lado da Fábrica. Finalmente, um terreno próximo foi doado para que a Paróquia de Nossa Senhora do Bom Despacho iniciasse a edificação de um novo templo, em honra a Nossa Senhora do Rosário.

Segundo Tadeu Teixeira, a construção da nova Igreja do Rosário ocorreu devido a devoção dos bom-despachenses, que se uniram pela fé para edificar o novo templo. Em especial, a nova capela foi edificada diante um acontecimento na família de Dona Alice Cardoso, esposa de Fúlvio de Queiroz Cardoso. O filho do casal, José Fúlvio, de apenas três anos, sofreu um acidente ao cair dentro do fosso da cisterna ao ser alimentado pela babá, e foi salvo sem nenhum arranhão. Como devota de Nossa Senhora do Rosário, Dona Alice, em agradecimento, fez a intenção de construir uma igreja em honra a Santa. Segundo seu neto, Francisco Amaral Cardoso (Tito), Dona Alice vendia retalhos de pano da fábrica de tecidos, da qual eram donos, com o objetivo de angariar fundos para realizar a construção.

Em meados de 1956 o alicerce ficou pronto e, em uma manhã de domingo, o vigário João Hefells realizou a cerimônia de lançamento da pedra fundamental, que teve a participação de um grande número de fiéis devotos de Nossa Senhora do Rosário. Foram momentos difíceis na época da construção, pois vários contratempos causaram transtornos, como chuvas fortes, que derrubaram o telhado já iniciado. Entretanto, os fiéis não desistiam. Arrecadaram fundos por meio de doações, quermesses e principalmente de esmolas doadas durante a Festa do Reinado. Segundo relato de José Francisco da Silva (Sr. Chiquinho), antigo morador do bairro do Rosário:

Nesta praça que se denominava Buracão havia a estrada de ferro Rede Mineira de viação, mas não trazia nenhum inconveniente para que ali se construísse a nossa tão desejada Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Aprovado pela Diretoria, pelas autoridades civis e Eclesiásticas, começou ali a construção sob a responsabilidade do senhor Geraldo Cezário, Nenê Soares, sob a direção do Maviniê Soares (sic) que tratou de encontrar os operários para o serviço braçal; o que não foi difícil. Havia na comunidade homens práticos, garimpeiros e furadores de cisternas que se puseram a fazer o serviço de fundação.

Destarte, além da arrecadação de fundos, a população ainda contribuiu por meio de doações de materiais, oferta de trabalho voluntário e outros donativos. Ao ser inaugurada, toda a comunidade no entorno participou da celebração da Santa Missa, mesmo sem o menor conforto. Internamente, o templo possuía apenas um altar de madeira, alguns bancos feitos com duas toras e uma tábua. No entanto, aos poucos foram doados novos bancos, que trouxeram um pouco de conforto para os fiéis. Desta forma, a igreja era muito simples, ainda não possuía um sacrário (lugar onde se guarda algo digno de veneração). Logo, neste período, para celebrar as missas, os padres costumavam levar vasos sagrados e as hóstias da Igreja Matriz para realizar a comunhão dos fiéis da nova Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

A luta para a construção da almejada Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi árdua. Os fiéis conseguiram uma cruz que foi erguida por dez homens, um sino pago por foliões da Folia de Reis, e uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, que veio de Belo Horizonte, pesando aproximadamente oitenta quilos.

Em 2010, foi realizada uma grande reforma na igreja. A parte física foi ampliada, a sacristia foi aumentada e um banheiro foi construído. Foi feita uma capela para o santíssimo, detalhes na arquitetura e nas janelas foram acrescentados e a igreja foi pintada. No teto da nave colocaram uma tela de tecido com a imagem da Nossa Senhora do Rosário. Esta possui dez metros de comprimento e quatro de largura, obra executada pelo artista plástico comendador Fabrício Souza Santos, que pintou a tela sem chassi de madeira. Ainda neste ano foi iniciada a instalação da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, cujo processo de criação foi longo e detalhado, e culminou com a solene instalação da Paróquia, em 22 de janeiro de 2011.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RESENDE, Fernando Humberto de. Bom Despacho 300 anos, homens que a construíram: Tomo II. 1ed. São Paulo: Scortecci, 2018.

TEIXEIRA, Tadeu de Araújo. Jornal de Negócios. Bom Despacho 11 a 17 outubro 2015.

CARDOSO, Edith Caetano de Lellis. Do Livro Igreja do Rosário. Dos primórdios ao cinquentenário. Belo Horizonte. Ed. O lutador, 2015.

GARBAZZA, Luísa. Coautora. “Igreja do Rosário, dos primórdios ao cinquentenário”.

Histórias de Zé Chiquinho do Reinado, antigo morador da Praça do Rosário: relatos redigidos que o mesmo cedeu à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – Abril de 2019.